As chuvas do início do ano deram esperança aos agricultores de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco. No último dia 24 de janeiro, o NETV 2ª Edição mostrou os agricultores plantando milho e feijão. Mas, de lá pra cá, choveu muito pouco. Açudes secaram e colheitas não serão feitas. Cento e vinte e dois municípios do estado tiveram o decreto de situação de emergência reconhecido por causa da seca, e a previsão para os próximos meses, de acordo com engenheiros do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), não é nada animadora.
Na comunidade Logradouro, distante 26 quilômetro do centro de Serra Talhada, a barragem que abastecia 180 famílias secou há cerca de um mês por causa da estiagem que atinge a região. Em janeiro, choveu 83 milímetros no município, mas em fevereiro foi apenas 1,7 milímetro de chuva.
A cisterna na casa do agricultor Aldenir Gomes de Sá tem capacidade para armazenar 15 mil litros de água, mas está quase vazia. “O jeito é comprar [água] para não morrer de sede. Um tambor [de água] custa R$ 15, mas dizem que vai subir para R$ 18. Dinheiro que faz falta”, disse. Alguns moradores do local precisam andar cerca de dois quilômetros para pegar água em uma comunidade vizinha, e a qualidade não é boa. É salgada. Só serve mesmo para dar aos animais.
As chuvas de janeiro animaram muito agricultores, que chegaram a preparar a terra para receber as sementes de milho e feijão. Mas como não voltou a chover, o solo secou e afetou o desenvolvimento das plantas. A agricultora Luzia Pereira da Silva plantou feijão num terreno de um hectare próximo à casa dela, mas só sobrou o mato seco. Uma decepção para quem esperava uma boa colheita. “Rezar para chover e plantar novamente, esse agora não serve para nada”, lamentou.